quinta-feira, 7 de abril de 2011

No quintal da minha casa também falta ética na ciência


Em meio à gravíssima denúncia de fraude em 11 artigos científicos publicados em periódicos da Elsevier (isso quer dizer altíssimo nível!!!), por um professor da UNICAMP, quero expor mais um caso medíocre no meio científico do país, esse no quintal da minha casa. Fui orientado a não citar nomes, infelizmente. Usarei pseudônimos.
O professor F.D.P (qualquer semelhança com algum palavrão não é mera coincidência), reclamou ao colegiado do curso a falta de ética dos orientadores de uma aluna que, em sua participação em um congresso científico, colocou uma foto na qual FDP aparecia. “Não autorizei o uso de minha imagem”. Ficaria caracterizado uso indevido de imagem se o referido professor não estivesse de costas para a fotógrafa. Isso mesmo!De costas!!
O trabalho apresentado fez parte de um projeto no qual FDP participou “ativamente” nos dois meses em que foi responsável por seu andamento. Com ativamente eu quero dizer uma coleta! E com uma coleta, UMA COLETA! Ao assumir um cargo público, FDP teve que abdicar do projeto, ficando este sobre responsabilidade de Chapeuzinho Vermelho pelos dois anos subsequentes.
Não satisfeito com sua tamanha mediocridade, FDP reclamou o “direito” de ser co-autor do artigo a ser publicado com os dados referentes ao projeto. Chapeuzinho Vermelho, então, disse que cederia o material biológico e os dados, ou “se você preferir coloco seu nome no artigo”. FDP, esperto que é, preferiu a segunda opção. Afinal, publicar é o que importa. Meios escusos são aceitáveis. Tudo em nome de publicar, publicar, publicar...
Fiquei muito triste com isso. Mais triste que revoltado. O fato é extremamente grave e, não sei se por lei, mas passível de perda do cargo público que ele assumiu. Esse FDP representa aquilo que devemos combater incansavelmente: falta de ética. Na ciência, por sua alta importância para a sociedade, a máxima do “Critical thinking is...hatred for every kind of imposture”, de Francis Bacon, deveria ser levada em consideração. Mas há a corja que imoralmente não possui tais princípios. Por fim, resumindo tudo em uma palavra: LAMENTÁVEL.
Esta “Comédia da Vida Privada” terá mais um capítulo, talvez não tão ridículo e deprimente como este.

5 comentários:

  1. Oi Jon, ótimo texto que reflete a triste realidade do publicar ou perecer que atravessamos por conta da política dos cursos de pós-graduação...ou você publica, ou não consegue novas bolsas para seus alunos, ou você publica, ou é desligado do curso de pós-graduação onde orienta...e o que ganhamos com isso? uma visão da ética descendo pelo ralo de quem um dia ousou ser chamada de "ciência"

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  2. Pze, é lamentável, mas te digo uma coisa: Esse meio acadêmico é assim mesmo. Comece a se acostumar!

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  3. acostumar?tu tá é de brincadeira!!!

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  4. Infelizmente casos assim não são incomuns (de professores que só assinam artigos científicos). Por um lado há a pressão da Capes por cada vez mais produção para manter o dinheiro entrando, o do pesquisador e o para a pesquisa; por outro, é óbvio, há a falta de qualquer tipo de ética da pessoa, o que é muito grave se considerarmos que o sujeito estudou pelo menos uma dezena de anos a mais que os "meros mortais".

    Muito bom o texto e o relato. Os pseudônimos acabaram dando a ironia que este tipo de assunto merece de tão absurdo.

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